sábado, 23 de agosto de 2008

Carlos Herculano Lopes, cronista, romancista e jornalista

Carlos Herculano, jornalista do Estado de Minas, esteve na Faculdade de Comunicação da UFJF para falar de grandes reportagens, crônicas e sua carreira no jornalismo.

Foi um verdadeiro bate-papo, recheado com seus causos e conselhos. E um pedido também: "faça uma crônica".

Bom...taí, Herculano! Obrigado por incentivar a escrever a 'O povo'. O acontecimento que inspirou essa crônica ocorreu dois dias antes.

Mais uma vez, obrigado!

Musicomunicando

No universo da comunicação, também temos a música. Por ela, exprimem-se sentimentos, conquistam-se nações (até mesmo em estádios lotados), realizam-se "viagens", manifestam-se ideologias...O músico, tomado pela inspiração divina, prepara suas mãos, seus pés, sua boca, sua garganta para encher o mundo de barulho, tal qual o pintor com seus quadros ou o jornalista com seus artigos (olha a gente aí!).

Porém, caro leitor, voltemos um pouco na estória. Voltemos ao pré-momento do início do espetáculo, no qual o músico se prepara e sua barriga dói de nervosismo - mesmo se o show for pequeno, só para os amigos, afinal, "herrar é umano".

Fiz esta reflexão depois de me apresentar em julho de 2007 com algumas bandas que toco em Monte Sião. Antes de começar o show, estava eu sentado num canto do camarim, observando a concentração dos meus amigos músicos, que faziam seus últimos ajustes em seus instrumentos musicais (bateria, guitarra, violão e baixo). Como sou tecladista, "meu filho" já estava montado no palco, todo programado, esperando-me.

Achei engraçado! O tecladista não tem este momento de intimidade com seu instrumento minutos antes de tocar no palco - coisa que os baixistas e guitarristas têm (até mesmo o baterista, já que ele carrega suas baquetas). Por isso, a relação de confiança entre o teclado e o tecladista deve ser grande. Para comprovar isso, espiei por uma brechinha da porta do camarim e lá estava ele: o meu teclado, quietinho, me aguardando. Parecia um pai esperando por seu filho ou o namorado esperando pelo seu amor.

De repente, um grito: "Marcelo! Vamos! Tá na hora do show!" Acordei da reflexão. Era chegada a hora! Os filhos dos homens seriam entregues nas mãos dos músicos (e o som seria entregue aos ouvidos dos espectadores).

Lá embaixo, gritos, urros e aplausos. No palco, umas poucas microfonias. E música por todo o espaço.

Data: novembro/2007

O povo

Fui cobrir a instauração da Comissão de Ética para apurar as denúncias contra o vereador Vicentão, ex-presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora. (http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_3/2008/07/16/em_noticia_interna,id_sessao=3&id_noticia=71806/em_noticia_interna.shtml)
Foi um espetáculo de muita gritaria e confusão. Confusão devido à briga que ocorreu entre os partidários do vereador e do movimento "Fora Vicentão". http://www.radiosolar.com.br/noticias.php?news=2177

Na sessão da Câmara, havia uma senhora (Dona Maria, como a chamou os vereadores Bruno Siqueira e Francisco Canalli) que ficava gritando toda hora. Com umas cicatrizes no rosto sofrido, de quem trabalha bastante, obesa, roupa simples e sacolas do Bahamas na mão. Eu ficava observando...

E pensei: é essa a legítima representante de uma camada social que não entende o funcionamento de um sistema democrático. Não teve oportunidade de aprender que, numa democracia, é preciso que um grupo social se reúna com seus ideais e propostas, e reivindicar ao poder.

Coisa que também, no Brasil, quando o assunto é governo federal, não acontece. A distância da maior concentração de pessoas no país/área (região sudeste) e a falta de organização dos movimentos impede que isto aconteça.

Dona Maria berrava ao plenário que trabalhara por mais de 30 anos, ganhando seu dinheirinho honesto. Que Juiz de Fora só tem político ladrão. "E quem não róba nessa politicage do Brasil?", gritou, seguido de risadas do plenário. O vereador Bruno Siqueira pediu ao presidente da Casa, Francisco Canalli, para que pedisse à senhora que ficasse quieta.

Écomo acontece no Brasil. Certas vezes, o povo não sabe como protestar, grita alto nas ruas e ainda é calado. E tem que suportar corrupção e aumento de salários desnecessários em Brasília.