segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fotos - Entrevista com Rogério Skylab

Rogério Skylab

Entrevista dia 20/06/08, no Hotel Colina Verde

Rogério Skylab

Sou novo fã deste artista carioca. Brasileiríssimo. E sério. Antes dessa entrevista, que ele nos concedeu no Hotel Colina Verde, antes do seu show no Cultural Bar, em Juiz de Fora (MG), conhecia pouco do seu trabalho e achava-o irônico demais. Mas, este ato jornalístico mudou minha opinião. Confira a entrevista que Rogério Skylab concedeu a equipe do Jardim do Rock, Gui Monteiro, Vítor Campanha e Marcelo Martins.

* Você só fala dos “olimpianos” da mídia em várias músicas suas. Por que?
Porque o meu trabalho tem o objetivo de questionar a grande mídia. Ela é um setor de subdesenvolvimento da cultura brasileira, pois ela a atrasa. A cultura brasileira está sempre fervilhando de coisas novas, mas a grande mídia não divulga isso.

* Mas você já apareceu no Jô algumas vezes. Como chegou até ele?
Consegui acesso ao Programa do Jô de tanto enviar meu material para a produção dele. Outro fato influenciou. Era o ano de 1994, ano da morte do Ayrton Senna e eu apareci no SBT questionando a comoção nacional pelo falecimento do piloto. Eu tinha dito também que ele era um peão das multinacionais e criei polêmica. Discuti este assunto com o Jô durante um bom tempo na primeira vez que estive lá.

* O seu trabalho tem o intuito de renovar a cultura brasileira?
Meu trabalho sempre navegou nessa contramão. A minha música dificilmente tocaria numa rádio. Nunca tive esperança de ser contratado por uma grande gravadora porque as letras e os arranjos das minhas musicas são mesmo diferentes. O que sustenta as gravadoras são as grandes figuras como Ivete Sangalo, Cláudia Leite e Roberto Carlos. E quem as sustenta é o pobre. Mas, estamos vivendo uma grande renovação. As gravadoras estão lucrando menos devido à queda na venda de CDs. E o motivo disso é o aumento do número de acessos à internet pelas classes sociais mais baixas. O futuro não terá mais esse padrão radiofônico e as rádios terão que se adaptar ao novo sistema: o da diferença. Cada banda ou artista vai ter o seu tipo de som.

* A maioria de suas músicas falam a respeito de doença, como “Jesus”. Por que?A crítica que faço é a esse processo de lavagem cerebral que a medicina faz com as pessoas, obrigando- as a alimentarem-se bem e a praticarem exercícios. Para mim, a medicina está ligada a uma nova ideologia.

* Qual a sua opinião sobre as pessoas que acham seu trabalho engraçado?
Eu não seria capaz de reagir contra isso, como ficar indignado. Minha música é extremamente séria. Cada um recebe da maneira que melhor lhe convier. Há a letra de uma música minha que diz “eu tô pensando, eu tô pensando” e não digo mais nada. Há pessoas que me criticam, falando que isso não é música porque não há letra. Mas, atualmente, as minhas canções tendem cada vez mais a eliminar as palavras.

Um pouco da história da entrevista...
Atrasamos vinte minutos. 21:05 chegamos ao Cultural, mas nos informaram que ele estaria jantando no hotel em frente ao bar. Atravessamos a rodovia, caminhamos um pouco e chegamos ao hotel. Na recepção, pedimos ao funcionário que avisasse à assessoria que estávamos la, querendo falar com ele. Sentamos no sofá e esperamos.

Cinco minutos depois, um cara alto, de barbicha e de óculos sobe umas escadas e vai à recepção. "Quem ta querendo falar comigo? O pessoal da Rádio Universitária ta por aí?" "Somos nós", exclamamos os três. Em off, Skylab afirmou que há uma grande receptividade do seu trabalho no meio universitário. Depois da entrevista, afirmei: "Virei fã desse cara." Vou fazer o possível para disponibilizar o áudio desta entrevista na net. E quem tiver a oportunidade, entreviste-o.

Na edição do Jardim do Rock de 27/06/08, ele participará do quadro "Calçadão do Rock", sugerindo uma (excelente) música. Não percam.

Abraço especial para meus amigos Guilherme e Vítor.

E um beijo bem gostoso pra Ana. Te amo!